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Lembra de mim




Lembra de mim? Eu costumava usar turquesa e desfilar para seu olhar ultravioleta. Havia um Sol em nossa chama. E o lençol era de pele, suor e essência de nós - sem monogramas. Eu te escrevi por dentro, onde o tempo não desmancha as lembranças. E tranço, nos poemas, nossos nomes. Com amor.

Lembra de nós? Crianças. Expostas à luz do saber-nos (ab)solutos. Tivemos a melhor infância, juntos, e adolescemos justo quando adultos. Sem tempo para brincar de esconder.

Lembra do Sol (só love, só love)? Há estações não o vejo. Chove, chove, chove...e - só - permaneço.

Lembro bem. De mim, de ti, de nós: dois e únicos. E, mesmo sob intensa chuva de silêncio, não há um momento em que eu esqueça que o sol faz cócegas e dá piruetas. Olha no fundo do olho e chora ao ler meus poemas.


Valéria Tarelho
*imagem via Vozes do Brasil - MPB

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